A partir da leitura e reflexão sobre os textos de apoio abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo no qual você discorra sobre o seguinte tema: Como prevenir a violência nas escolas? Caso julgue necessário, busque leituras adicionais.
Não deixe de fazer o planejamento da sua redação.
TEXTO DE APOIO
Texto 1
[…] seria preciso que o Brasil produzisse um protocolo sobre como eventos dessa natureza devem ser tratados pela mídia. O que vimos após o massacre de Suzano foi um festival de irresponsabilidade dos veículos de comunicação, que ofereceram aos assassinos aquilo que eles almejavam: fama. Ao invés das matérias jornalísticas focarem no sofrimento produzido e no perfil das vítimas, destacaram a trajetória dos autores, seus planos, ideias e modus operandi; uma postura que contrasta, por exemplo, com a posição assumida pela primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que, discursando no Parlamento após o massacre de Christchurch, quando um atirador disparou contra muçulmanos em duas mesquitas, matando 50 pessoas, disse: “Falem os nomes daqueles que se foram, em vez do nome daquele que os tirou de nós”. Sempre que se promove a identidade dos autores de atentados, aumenta-se o risco da imitação, o chamado efeito copycat, um fenômeno identificado há muito quanto aos casos de suicídios, o que fez com que a mídia passasse a tratar esses eventos com muita discrição e cuidado.
Ao mesmo tempo, precisamos de uma política eficiente para a prevenção à violência nas escolas brasileiras, o que exige um protocolo com procedimentos padronizados construídos com os professores, a sociedade civil e as polícias. Deveríamos começar por abordagens concretas antibullying, um tema que segue sendo menosprezado no Brasil, e focar as atenções no ambiente escolar. Crianças e adolescentes da escola pública já experimentam uma realidade de alto estresse em suas comunidades. São também jovens com vulnerabilidades diversas. Se somarmos a isso um ambiente tóxico na escola, a violência será um resultado bastante previsível.
Fonte: ROLIM, Marcos. Prevenindo a violência nas escolas / ExtraClasse
Texto 2
O Brasil vive uma explosão de ataques violentos em escolas nos últimos anos, fenômeno que se agravou nas últimas semanas. Somente 2022 e 2023 já superam o número de ataques contra as escolas ocorridos nos últimos 20 anos, como apontam os dados da pesquisadora Michele Prado, do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo.
Os estudos de perfis dos autores dos ataques têm demonstrado que são jovens, em sua maioria do sexo masculino e brancos, com baixa sociabilidade em ambientes presenciais, com pouca vivência coletiva. Exercendo a socialização majoritariamente por meios virtuais, o desconforto social é mobilizado como ódio ao diferente, sendo facilmente cooptados por discursos extremistas e misóginos, racistas e autoritários.
(…)
A violência escolar não pode ser compreendida como um fenômeno isolado. Ainda que tenha contornos particulares, deve ser observada como parte de uma cultura social mais ampla, presente no mundo, mas com características brasileiras. A violência é tipicamente parte da cultura da masculinidade, sustentada no patriarcado, responsável pelas guerras e tantas atrocidades ao longo da história e isso está longe de ser um problema nacional. O Brasil é um país construído em bases muito violentas, seja pelo genocídio dos povos indígenas, seja pelo processo de escravização, convivemos desde a colonização com uma naturalização de formas violentas nas relações sociais e na organização do Estado.
(…)
Contudo, é imprescindível que passemos de ações emergenciais e reativas para a construção de políticas estruturantes e integrais, que demandam diálogo amplo e respostas preventivas de longo prazo e especificamente em relação à escola, sustentadas em princípios da justiça restaurativa e não punitiva. A criação de grupos de mediação de conflito, de professores e estudantes, é capaz de promover a convivência democrática e regras que sejam construídas coletivamente, que geram responsabilização e compromisso de todos.
Fonte: MEDINA, Gabriel. A violência escolar não pode ser compreendida como um fenômeno isolado / Carta Capital
Texto 3
Além dos efeitos pós-pandemia, constata-se que a crescente da violência é resultado da ausência de educação contra formas de intolerância, sobretudo, contra minorias. Dessa forma, violências encontradas na vida social são reproduzidas dentro do ambiente escolar, como o racismo e a LGBTfobia. Segundo Castro Alves, em entrevista ao Correio Braziliense, os currículos escolares deveriam incluir matérias sobre direitos humanos, cidadania e cultura de paz, além disso, acredita que a saúde mental dos alunos não deve ser mais um tabu.
Na avaliação de Betina Barros, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ataques aos ambientes escolares não eram comuns no Brasil, porém, a frequência teria aumentado a partir de 2018. São diversos os fatores que tornaram a violência mais presente no cotidiano escolar, alguns que entram nessa lista são:
- Isolamento social: os estudantes estariam vivendo os efeitos pós pandemia, resultado de meses convivendo fora das salas de aula e dependendo apenas da tecnologia para interações sociais;
- Exposição à violência: algumas crianças e adolescentes estiveram expostos a violência e maus-tratos nos espaços familiares;
- Tecnologia: o acesso à internet sem mediação de um responsável teria tornado mais fácil o consumo de fóruns da internet, sobretudo na deep web, que disseminam ideias e conteúdos violentos;
- Polarização: a partir desse período, 2018, passou-se a notar uma polarização entre a adoção ou não de medidas sanitárias durante a pandemia, além de uma polarização social e política no país, o que serviu de combustível para ideias extremistas entrarem em pauta.
(…)
Após o caso do estudante de 13 anos que matou uma professora a facadas em São Paulo, o Ministério da Educação (MEC) propôs a criação de um grupo interministerial para tratar de ataques nas instituições de ensino.
De acordo com o atual ministro da educação, Camilo Santana, a proposta tem como objetivo elaborar um programa de combate à violência e terá a participação dos municípios e das unidades da Federação.
O espaço escolar é essencial para o desenvolvimento da criança e do adolescente, como afirma a pedagoga Tamires Alves ao jornal da USP. Por isso, a pedagoga reitera que é preciso pensar em estratégias para mudar esse quadro.
Para Telma Vinha, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp, o problema é a falta de políticas públicas de enfrentamento ao aumento da violência nas escolas, pois, segundo ela, as ações adotadas após a volta das aulas presenciais focaram mais na recuperação de aprendizagens do que em problemas socioemocionais enfrentados pelos estudantes. Além disso, Vinha diz que os professores também precisam de formação e apoio socioemocional para lidar com esta situação.
O Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, acredita que casos de violência escolar devam ser tratados por uma rede de proteção social, a fim de adotar a medida mais adequada, formada por: educadores da escola, psicólogos, assistentes sociais, policiais, promotoria e vara da infância e juventude. O secretário diz, ainda, que dentre as medidas deveriam estar: orientação para responsáveis e programas de atendimento de saúde mental, por exemplo.
Fonte: HENRIQUE, Layane. Por que os casos de violência escolar têm aumentado? / Politize!
Boa produção!
Um abraço,
Equipe Redação Nota Dez
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Estou gostando muito dos temas de redação postados aqui no blog. Especificamente os links completos na propostas são bem selecionados e ricos em conteúdo. Muio obrigado!!!
Que maravilha saber disso, Leonardo! \o/
Continua visitando a gente. É por causa de depoimentos como o seu que a gente se esforça mais e mais.
Forte abraço!