Tema de Redação

ATUALIDADES | O que o incêndio do Museu Nacional denuncia sobre o Brasil

Equipe RND
Escrito por Equipe RND em 5 de setembro de 2018

Desde o último domingo (02/09), o Brasil e o mundo vêm assistindo a cenas do incêndio ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Uma tragédia anunciada e que reprisa recentes desastres, inclusive por motivos muito semelhantes. A imprensa nacional e internacional não tardou a lembrar sobre o descaso do governo brasileiro quanto aos museus e acervos do país. Ou seja, total indiferença à cultura, à ciência e à história do Brasil. E é sobre esse descaso que você irá construir o seu texto dissertativo, argumentando sobre o que o incêndio do Museu Nacional denuncia sobre o Brasil e sua política de (des)valorização da memória nacional.

Note que este tema possibilita os dois tipos de conclusão: do tipo resumo ou do tipo solução. Opte pelo que mais se encaixa à sua abordagem argumentativa.

Não deixe de fazer o seu brainstorm -> esqueleto -> rascunho.

Abaixo, você encontra os textos de apoio. Leia tudo com bastante atenção. Busque outras leituras, caso julgue necessário. Por fim, produza um texto dissertativo argumentativo, que deve conter entre 25 e 30 linhas.

***

Se você está preparando para o ENEM, o ideal é que escreva a sua redação com base nas instruções abaixo, extraídas da prova de 2017:

  • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
  • o seu texto deve ter entre 7 e 30 linhas. Menos que 7 torna o texto “insuficiente”.
  • cuidado para não fugir ao tema e não deixe de atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
  • apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos
  • cuidado para não apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

 

TEXTOS DE APOIO

Texto 1

A tragédia no Museu Nacional de domingo (2) é o fato mais impactante de uma série de acidentes fatais em acervos de instituições culturais e científicas no Brasil. O incêndio que destruiu a maior parte do acervo da instituição no Rio de Janeiro acontece na sequência de outros que atingiram Museu da Língua Portuguesa (2015), Instituto Butantan (2010), Memorial da América Latina (2013) e Cinemateca (2016), todos em São Paulo, ou, ainda, remete a um mais antigo, que há 40 anos consumiu as obras guardadas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Deficiência orçamentária, infraestrutura precária e equipes de trabalho especializadas com número abaixo do ideal são algumas das explicações usadas para os diferentes acidentes. [Leia texto completo]

Texto 2

O reitor [da UFRJ] disse que em 2015 foi colocada a necessidade de um novo sistema de prevenção de incêndios. Ao comentar se o acidente foi uma tragédia anunciada, afirmou: “Era um cenário muito provável. Prédios tombados precisam de recursos significativos, que nossos museus não têm. Sem dinheiro, todo o patrimônio público museal corre riscos”. Do projeto de 2015 constava a necessidade de recomposição do telhado e de “patologias estruturais”. O sistema elétrico, no entanto, não estava em más condições, disseram o reitor e o diretor. Alex Kellner afirmou que seria leviano apontar o que se perdeu e o que se salvou, uma vez que sua entrada no prédio não foi liberada. [Leia o texto completo]

Texto 3

Le Monde traz uma entrevista com Bruno David, presidente do Museu de História Natural de Paris. Segundo ele, as instituições francesas estão muito mais protegidas contra incêndios. “A segurança de nossos prédios é muito melhor”, compara.

David explica que os espaços culturais, como o Museu de História Natural que ele dirige, dispõem de uma vigilância contra incêndios que funciona 24 horas por dia, com câmeras ligadas a uma central, além de ter uma equipe de segurança bem maior que no Rio de Janeiro. “O museu que pegou fogo tinha quatro homens para vigiar 13 mil metros quadrados”, se espanta o presidente da instituição parisiense.

Além disso, explica, em caso de catástrofe, muitos acervos na França foram digitalizados. Dessa forma, em caso de uma tragédia, até as peças de paleontologia poderiam ser reconstituídas por meio de uma impressora 3D, compara David. [Leia o texto completo]

Fonte: “Tragédia do Museu Nacional ilustra um país que desprezou sua cultura”, diz Le Monde / rfi

Texto 4

Durante a criação do Ministério da Cultura, em março de 1985, foram estabelecidas iniciativas para a área do patrimônio, incluindo os museus. Em 2003, foi lançada a Política Nacional de Museus, destinada a unidades de todas as esferas.

Seis anos depois, foi sancionado o Estatuto dos Museus, regulamentado em 2013. Tais medidas garantiriam, em tese, a segurança e a conservação aos locais que guardam parte da história do país ou do mundo.

Na prática, porém, as iniciativas não costumam ser seguidas. De acordo com o Conselho Federal de Museologia (Cofem), o orçamento público destinado aos museus é precário e não garante quesitos considerados fundamentais para preservar os acervos.

“A conservação e a segurança são questões sérias e nem sempre aparecem em primeiro lugar nas prioridades das instituições responsáveis pela liberação das verbas públicas para os museus. As equipes técnicas, em especial os museólogos, são incansáveis em relatar e denunciar essas questões. O que se tem hoje é resultado de anos de descaso com o patrimônio público”, afirma a entidade, por meio de nota encaminhada à BBC News Brasil. [Leia o texto completo]

Fonte: Quatro importantes museus brasileiros que fecharam as portas por problemas estruturais / BBC News Brasil

Texto 5

A destruição de museus e grandes bibliotecas é algo relativamente corriqueiro, a história ensina, infelizmente. Mas por outros motivos. A Unesco compilou os maiores episódios do tipo no século 20. Acervos inestimáveis acabaram na vala de formas um tanto variadas. Há relatos de destruição por (fiquemos só em um exemplo para não cansar sua disputada leitura):

  • Enchente (em 1966, o rio Arno inundou a Biblioteca Nacional Central, em Florença, e danificou 1,2 milhão de itens);
  • Rebelião (em 1947, durante o sanguinário processo de independência dos britânicos e separação entre Índia e Paquistão, duas das maiores bibliotecas do subcontinente, em Lahore, foram devastadas);
  • Terremoto (a Biblioteca Nacional da Nicarágua foi atingida duas vezes: em 1931 e 1972);
  • Terremoto seguido de incêndio (em 1923, algumas instituições japonesas foram afetadas. Pinturas, manuscritos chineses e documentos imperiais do século 19 estavam entre os 770 mil itens perdidos);
  • Furacão seguido de enchente (o Museu Corning, nos EUA, dedicado à arte em vidro, sofreu perdas durante a passagem de um furacão pelo estado de Nova York, em 1972).

Em tempos de guerra, é outra miríade de destruição:

    • Bombardeios aéreos (Frankfurt, Hamburgo, Kiel, Leipzig, Magdeburg, Nuremberg e Stuttgart estavam entre as cidades alemãs que perderam centenas de milhares de obras em suas instituições, atacadas pelas bombas dos Aliados durante a Segunda Guerra);
    • Saques, pilhagens e queima de obras em nações ocupadas (dos 22,5 milhões de livros das bibliotecas polonesas, os nazistas queimaram 17 milhões. A Tchecoslováquia perdeu 2 milhões de obras);
    • Linha de tiro entre os dois lados (Chartres, Dieppe, Metz e Paris, entre outras cidades francesas, perderam milhares de itens valiosos durante a retirada dos nazistas).

(…) Isso coloca o Brasil na infame e ultrajante condição de conseguir algo bem raro na história: destruir a mais antiga instituição científica e um dos principais museus do país apenas com negligência e falta de recursos. Não precisamos de um invasor estrangeiro, um ditador lunático ou um maremoto que afogasse a zona norte do Rio de Janeiro. Perdemos para o trivial. Algo tão descarado que gerou comparações que são um tapa na cara. O orçamento para a lavagem dos carros da Câmara dos Deputados é quase três vezes maior do que o dinheiro repassado ao Museu Nacional, informa o El País. [Leia o texto completo]

Fonte: Brasil é um dos únicos países em que o descaso, e não a guerra, destrói um museu / Superinteressante

Texto 6

Chamar o fogo que consumiu o acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional do Rio de Janeiro de “tragédia anunciada” é um clichê, sem dúvida. Mas até os clichês são verdadeiros quando se coloca na mesa o descaso que a cultura brasileira vem vivenciando desde… talvez desde 1892, quando o Museu Nacional saiu de seu espaço no Campo de Santana, no centro do Rio, e se encastelou no Palácio São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte carioca. O lugar de reis e imperadores era, já há algum tempo, o lar de figuras ilustres como Luzia, com seus mais de 11 mil anos de idade, de Sha-amun-em-su, a cantora egípcia eternamente recolhida a seu sarcófago, e monstros pré-históricos cuidadosamente reconstruídos – isso, entre tantos milhões de peças. Mas nem Luzia nem a múmia cantante nem pterodáctilos, que resistiram ao tempo, sobreviveram ao descaso oficial.Um descaso que, infelizmente, ilustra bem como são tratadas a ciência, a cultura e a história no Brasil. [Leia o texto completo]

Fonte: Um retrato do descaso com a cultura e a pesquisa no Brasil / Jornal da USP

Texto 7

Um museu relegado ao segundo plano pelo Governo Federal. Desde 2001, a União investe valores ínfimos num dos principais acervos históricos do país. O Museu Nacional, que foi consumido pelas chamas no domingo passado, costumava receber uma verba pública que variava entre 1 milhão e 1,9 milhão de reais anuais. Nos últimos cinco anos, contudo, sofreu seguidos cortes drásticos e a previsão para 2018 era de que apenas 205.821 reais fossem repassados para instituição, que é subordinada à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados foram obtidos junto ao Siga Brasil, o projeto do Senado Federal que acompanha par e passo os gastos o orçamento federal (veja mais no infográfico abaixo).

Apenas para efeito de comparação, atualmente, a gestão Michel Temer (MDB) investe menos no Museu Nacional do que a Câmara dos Deputados na lavagem de seus 83 veículos oficiais ou que o próprio Poder Executivo na manutenção do Palácio da Alvorada, a residência presidencial que está desocupada desde o impeachment de Dilma Rousseff. Neste ano, a Mesa Diretora desta casa legislativa e as lideranças preveem gastar 563.000 reais em dinheiro público para deixar seus carros limpos. O valor é 2,7 vezes de fato destinado ao primeiro museu brasileiro. Já o Alvorada, custa cerca de 500.000 reais por mês, o que inclui gastos com energia elétrica e jardinagem. [Leia o texto completo]

Fonte: Orçamento para lavar carros de deputados é quase três vezes maior que o do Museu Nacional / EL País

Texto 8

Fonte: EM Nacional. Ver postagem completa.

 

Leia ainda

Um museu em chamas visto por uma de suas antropólogas / Nexo Jornal

 

Boa produção!

Forte abraço,
Equipe Redação Nota Dez

* A imagem utilizada nesta postagem foi extraída do El País.

 

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