* Artigo escrito a convite do blog Segredos de Concurso.
Em sua vida de concurseiro(a), um dos seus maiores desejos é se dar bem na prova de redação, não é mesmo? Isso não é novidade! A novidade é que o corretor da sua redação vai A-DO-RAR se ela estiver bem escrita e apresentada. Você não sabe o alívio que dá quando um corretor lê textos competentes. Por que eu digo isso? Imagine a quantidade de produções textuais que ele corrige em um dia de trabalho para uma banca de concurso. É muito cansaço! Por isso, uma redação TOP é um alívio. Alívio por estar diante de um texto bem apresentado (margens, tamanho de letra, legibilidade etc.), bem estruturado (diálogo entre os parágrafos, tipologia respeitada, períodos com início, meio e fim) e riqueza de conteúdo e argumentos (ideias interessantes e bem concatenadas entre si). Passar de textos desorganizados, digressivos, pobres em gramática e conteúdo e se deparar com uma boa produção é, em analogia, o mesmo que estarmos conversando com um “chato de galocha” e chegar o nosso melhor amigo para nos salvar daquela canseira. Deu para entender? Agora vamos saber quais são as 10 dicas para transformar o seu texto no melhor amigo do corretor.
Dica de Redação #1 – Cuide da apresentação estética do seu texto
Todo edital aponta a apresentação como um item a ser analisado pela banca. Pois bem, o que quer dizer “apresentação textual”? Ela nada mais é do que o cuidado que você deve ter para deixar o seu texto organizado para ser mostrado à banca, dentro dos critérios da dissertação. Ou seja: cuide do tamanho da letra, do espaço de adentramento de cada parágrafo, das margens esquerda e direita (no caso da direita, não ultrapassar a linha nem deixar espaço mal aproveitado antes do término desta), das rasuras (ver dica #3), da divisão correta das palavras ao final das linhas e da distribuição de linhas por parágrafo.
Dica de Redação #2 – Evite termos vagos
Quando me refiro a termos vagos, refiro-me, principalmente, às expressões “coisa” e “algo”. O que essas palavras querem dizer? Basicamente nada! Marcam a indefinição. Agora pense que uma das maiores características do texto dissertativo é a persuasão, o poder de convencimento. Logo, você não vai conseguir isso com termos vagos. Então, o que fazer? Observe os três exemplos abaixo. Os dois primeiros apresentam uma sugestão de reorganização. E o terceiro é para que você tenha contato com uma possibilidade aceita. Abaixo deste exemplo eu digo o porquê.
Sugestão: “A luta pela liberdade é uma batalha antiga.”
Sugestão: “…sem essa vontade não se progride.”
Este último exemplo traz uma possibilidade aceita do termo “coisa”, uma vez que, logo em seguida, após os dois pontos, o autor anuncia o que ele quis dizer com tal palavra. Que coisa é certa e precisa ser aceita? Resposta: o problema é real e precisa ser combatido.
Dica de Redação #3 – Errei uma palavra. O que fazer?
O momento de passar o texto a limpo deve ser de muitíssima atenção! Mas, ainda assim, alguns deslizes podem acontecer. Considerando isso, algumas bancas já instruem sobre o que fazer nesses casos. E a instrução é: passe um traço simples (assim) em cima da palavra, frase, trecho ou sinal gráfico e escreva corretamente em seguida.
A banca CESPE, por exemplo, já é bem clara quanto a isso. Veja:
Abaixo, um exemplo de como fazer:
Desse modo, nunca risque, nunca coloque o erro entre parênteses e nunca escreva o termo correto “flutuando” acima da palavra errada (como no exemplo abaixo).
Dica de Redação #4 – Pulo linha após o título?
Quando a prova não solicita o título, não é obrigado colocá-lo. Em caso de obrigatoriedade (ou mesmo escolha sua, no caso da não obrigatoriedade), não pule linha entre o título e o início da redação. Sempre que o título for obrigatório, haverá uma linha específica para ele. Se não houver, coloque o título centralizado na linha 1 e comece a sua redação já na linha 2.
Dica de Redação #5 – Não converse com o leitor
É imprescindível entender que a dissertação se trata de um texto que deve ser escrito de modo impessoal, com linguagem clara, direta e objetiva, com argumentos fortes (olha a leitura!) e, acima de tudo, convencer o seu leitor. E convencer o leitor não significa conversar com ele, dirigir-lhe o verbo. Você não está escrevendo uma carta, tampouco um texto de autoajuda!
Nos trechos abaixo, por exemplo, o autor tentou convencer o leitor, de modo muito pessoal e dialógico, a respeito da superficialidade e aparência nas relações virtuais.
“… pois é na presença que você se [sic] interage melhor. (…) o mais importante é ter contato com quem te faça bem.”
Como deveria ser:
“… pois é na presença que o indivíduo interage melhor. (…) o mais importante é ter contato com quem o faça sentir bem.”
Dica de Redação #6 – Cuidado com a incoerência
Embora muitas pessoas saibam o que significa a incoerência, algumas delas ainda cometem esse deslize. Observe o exemplo abaixo.
Em um trecho da redação, o autor afirma:
“Em um país onde a justiça rasteja e a palavra-chave é ‘soltar’ e não ‘prender”, a segurança pública segue sendo alvo de críticas.”
Mais adiante, ele é incoerente, quando se contradiz com a seguinte afirmação:
“A maior prova disso são os complexos penitenciários abarrotados.”
Note a incoerência quando ele diz que a palavra-chave é “soltar”, mas afirma que os complexos penitenciários estão abarrotados. Percebeu a contradição?
Outro exemplo de incoerência é o trecho da carta argumentativa abaixo, em que o autor informa escrever da cidade de Salvador, mas, em seguida, entra em contradição quando diz “aqui na Chapada Diamantina”.
Atenção e organização textual previnem (e muito!) deslizes como esses.
Dica de Redação #7 – Conecte suas ideias
A coesão textual é a responsável pela conexão entre as ideias de um texto. É ela que dá a “liga” entre os parágrafos e os períodos, deixando-os fluidos, claros e de boa expressividade.
Para entender mais sobre a coesão textual, estude assuntos como: conjunções, preposições, pronomes, orações coordenadas e subordinadas, referências anafóricas e catafóricas, sinonímia etc.
Os exemplos abaixo mostram a importância desses elementos. Observe a fluidez e a maturidade de um texto coeso em comparação a um texto não coeso, pobre e truncado.
Texto não coeso:
Ontem eu faria uma prova. Ontem não fui à escola. Estava doente. Fiquei em casa. Descansei. Tomei remédios. Hoje me sinto melhor. Farei a prova amanhã.
Texto coeso:
Ontem eu faria uma prova, no entanto não fui à escola porque estava doente. Como fiquei em casa e tomei remédios, pude descansar e hoje me sinto melhor. Então, farei a prova amanhã.
Dica de Redação #8 – Letra feia X Letra ilegível
Vejo muitas pessoas condenarem a própria letra, classificando-a como “feia”. E eu vou dizer aqui o que digo sempre. O critério de feia ou bonita é seu! Você pode julgá-la feia e outra pessoa achar a sua letra bonita. A banca não quer saber se é linda, bonita, feia ou horrível. O que interessa é que ela seja legível. Então, a minha dica para quem sabe que a letra não é legível é: corra até uma papelaria e compre uma caligrafia (sim! Aquele livrinho para repetir a grafia das letras, com o qual estudamos na escolinha, quando pequenos!). Tenho alunos que aderiram a essa prática e a letra melhorou consideravelmente!
Dica de Redação #9 – Escrevo minha redação antes ou depois da prova objetiva?
O meu conselho é que sempre escreva antes. A lógica é que, uma vez que falte tempo, é possível “chutar” as questões da prova objetiva (exceto CESPE). No caso da redação, impossível! Então, destine, no máximo, 1h10min a 1h20min para o brainstorm, o esqueleto, o rascunho e o texto definitivo. Só depois passe para as questões.
Por fim, aconselho ainda que você mantenha a calma. A ansiedade e o nervosismo impedem a fluidez das suas ideias. Respire fundo e pense positivo!
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Dica de Redação #10 – Entenda o seu texto como se ele fosse uma loja
Ao parar em frente a uma loja, a vitrine já nos informa qual o tipo de produto vendido ali, certo? Do mesmo modo, uma loja não pode expor na vitrine algo que não é vendido naquele ambiente. Assim como também não deve deixar de expor os produtos-chave, uma vez que perde boas chances de adquirir mais clientes.
Agora entenda que a vitrine é sua introdução, o interior da loja é seu desenvolvimento e a oportunidade de venda é a possibilidade de fazer o seu leitor achar a sua introdução interessante e querer continuar a leitura, seguindo para o desenvolvimento (no caso da banca, o corretor lerá até o final. Então, a possibilidade é a de que ele faça isso com prazer). O que quero dizer com essa analogia é que você não pode expor na introdução o que não será visto no desenvolvimento. Do mesmo modo, não é interessante deixar de expor ideias relevantes. Essa é a relação de diálogo que os seus parágrafos devem ter.
Quanto à conclusão, ela deve ser considerada como a entrega do produto ao cliente. Você não pode apresentar ideias novas na conclusão. Assim como o cliente não pode comprar um produto e receber outro. Ok? Lembre-se de que a sua conclusão deve mostrar soluções (para o caso de o tema apresentar um problema) ou um resumo do que foi desenvolvido.
Dito tudo isso, relembro o que eu expus lá no início desta postagem: para o seu texto ser um grande amigo do corretor, é preciso que ele esteja bem apresentado, bem estruturado e rico em conteúdo e argumentos. E as 10 dicas acima são essenciais.
Se você chegou até aqui, fico feliz! Isso mostra o quanto você está empenhado(a) nos seus estudos.
Obrigada pela atenção!
Grande abraço,
Ena Lélis + Equipe Redação Nota Dez
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Olá!
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Obrigado Professora Lelis por sua exposição simples, objetiva, clara e exemplifica.
O modo didático e compreensivo facilita o aprendizado do concurseiro.
Obrigado pela aula!
Seu admirador.
Que bom que gostou, Moacir! Continue visitando o blog. É um prazer saber que nossas postagens agradam tanto. 🙂
Um abraço!
Bom dia
Quero deixar aqui registrado o meu sincero muito obrigada. Essas dicas foram muito úteis. Adorei.
Que bom, Tânia!!! Volte mais vezes ao nosso blog. Sempre postamos dicas por aqui.
Grande abraço!