Não sei dizer quantas redações corrigimos nos últimos 9 anos. Mas certamente já se foram mais de 7 mil textos. Sim, uma quantidade bem grande. As sessões de RPG que o digam! E, diante de todas essas correções, eu percebo uma dificuldade que é notória e recorrente entre alguns alunos nas primeiras semanas de produção: eles não entendem a estrutura INTRODUÇÃO-DESENVOLVIMENTO-CONCLUSÃO. Não que eles não saibam que um texto deve se dispor dessa maneira. Mas um número relevante não entende qual a relação que deve haver entre essas três partes. Por isso, decidi dedicar esse post para falar sobre vitrines e lojas. Como assim? Vamos lá!
A sua introdução deve ser entendida como a vitrine de uma loja. Numa vitrine, você expõe um resumo do que há no interior da loja, não é mesmo? Você não pode expor, por exemplo, um boné se você não vende boné. Por outro lado, se a venda-chave do seu negócio é a camisa polo, você não pode, de modo algum, deixar de colocá-la em sua vitrine. A mesma lógica vale para a sua introdução. Ela é um resumo do que o leitor verá no seu desenvolvimento. Você não pode apresentar o que não abordará em seguida. Assim como será uma péssima ideia não apresentar o que o seu leitor lerá nos próximos parágrafos.
Quero lhe mostrar um bom exemplo do que estou dizendo:
Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação. Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo. Quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica.
A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática frequente, tudo isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas rudimentares de comunicação.
Isso tudo é comprovado por meio de pesquisas as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado de trabalho ocupando cargos de diretoria.
Porém, conter um bom vocabulário não se torna o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer cultural e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura.
Depois de ler atentamente o texto acima, volte à introdução. Qual a tese (ideia central) que podemos extrair dela? A leitura assídua auxilia na obtenção da formação e informação, elementos essenciais à inserção no mundo profissional. E o autor ainda acrescenta que quem pratica a leitura, pratica também a consciência, o raciocínio e a visão crítica. Certo? Pois bem, essa é a vitrine do texto. Ao observá-la, sabemos que a loja (desenvolvimento) deve nos fornecer exatamente isso que foi mostrado. Agora voltemos ao desenvolvimento. No D1, o autor trata da assiduidade. No D2, ele trata da inserção no mundo profissional. No D3, ele traz um conectivo adversativo (“Porém”) para apontar que o bom vocabulário não é suficiente e que a leitura deve vir atrelada à compreensão para se atingir, por consequência, a opinião e o senso crítico.
Então, reparou como o autor desse texto fez uma ótima relação entre vitrine e loja, ou seja, entre a introdução e o desenvolvimento? Acho que você também possuía a mesma dificuldade que vejo nas correções que faço e que comentei no início desse post. Agora você viu que não é nada difícil, não é mesmo?
Ah! A respeito da conclusão, ela deve mostrar uma retomada do que foi exposto, como é o que caso do texto que apresentei aqui, ou trazer soluções, caso o tema aponte um problema que pede sugestão de intervenção.
Agradeço por sua atenção!
Forte abraço,
Ena Lélis
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